… by zeeduardo

Deceparam-no tranquilamente,
Vasculharam-no por inteiro
Martelaram-lhe a cervical
Coçaram-lhe o duodeno
Praticaram acupunctura nos olhos
Apagaram os cigarros no estômago.
Antes da autópsia teve uma vida fodida
Depois que morreu, fodeu-se!

… by zeeduardo

sorria de uma a outra orelha
quando caiu mãos afora e do mesmo sangue
dúzias de andares
ganhou
um vidro automóvel
Vidros estilhaçados
Vários
pontiagudos
Por terra
Um golpe de orelha a orelha
E o mesmo sorriso
Antes de escapar do passepartout

Hora de jantar by zeeduardo

Hora de jantar
e
eu
a comer merda
d@s outr@s.

Como-a
em qualquer lado.

A merda d@s outr@s
tem feitios esquisitos
e
tenho de a comer.
Extravasa do balde
tem mau hálito
causa-me alergia
mas não posso adiar
tenho de a comer,
Toda.

el@s cagam muito
e
tenho de comer
muito mais.
Deixo tudo limpo
para amanhã continuarem
a cagar-me em cima.

Se não fosse a merda dos outros
Não teria (o) que comer.

zeeduardo

Era-lhe tudo by zeeduardo

Era-lhe tudo
até que cresceu e se fartou.

Com a guilhotina do papel
separou-lhe os dedos das mãos/ pés.

Com as mãos,
desintegrou-lhe os membros do tronco.

Com a pinça,
pescou-lhe os olhos.

Descansou
só quando atirou a cabeça pela janela.

Era-lhe tudo
até que cresceu, deixou @s bonec@s
e arranjou outras formas de brincar.

zeeduardo

IV by nmn

é preciso baixar
ao inferno
de tudo o que nos rodeia
em tempo real
como dois engenheiros
escolhidos ao acaso
 

as coisas são como são
a esperança
é um lugar estranho
um barco de papel
no rio

 

nmn

III by nmn

com uma pistola apontada à cabeça
a pairar sobre a vida
a metade do preço
neste preciso local

não é a primeira vez que
isto acontece aqui

ao lado
aconteça o que acontecer
cumpre-se o destino
como o calor
como o resto

as flores à porta de casa
com uma pistola apontada à cabeça

 

nmn